terça-feira, 25 de outubro de 2011

Filosofia da Religião


A Filosofia da Religião é uma das divisões da filosofia. Tem por objetivo o estudo da dimensão espiritual do homem desde uma perspectiva filosófica (metafísica, antropológica e ética), indagando e pesquisando sobre a essência do fenômeno religioso. Em síntese, sua pergunta fundamental é: "O que é, afinal, a religião?"


                                                              Métodos

Para o estudo da filosofia da religião são usados os métodos histórico-crítico comparativo, o filosófico e o antropológico. O primeiro deles compara as várias religiões no tempo e no espaço, em busca de seus aspectos mais comuns e suas diferenças, para verificar o que constitui a essência do fenômeno religioso. O segundo faz o estudo comparativo das línguas, visando encontrar as palavras utilizadas para descrever e expressar o sagrado e suas raízes comuns. O terceiro método procura reconstruir o passado religioso tendo por base a etnologia (estudo dos povos primitivos e atuais, suas instituições, crenças, rituais e tradições). A Filosofia da Religião deve fazer uma adequada conjugação desses métodos "para obter a melhor soma de elementos para chegar à conclusão mais correta sobre a essência da religião e suas características universais."

                                                         
                                                           Histórico 

Até o século XX, a história do pensamento filosófico ocidental encontrava-se intimamente associada às tentativas de esclarecer certos aspectos do paganismo, do judaísmo e do cristianismo, enquanto que em tradições como o hinduísmo, o budismo ou o taoísmo, há uma distinção ainda menor entre a investigação filosófica e a religiosa.
O problema clássico de conceber um objeto apropriado para a crença religiosa consiste em compreender se é possível lhe atribuir algum termo: fará sentido dizer que esse objeto cria e conhece coisas, que deseja certos acontecimentos, que é bom ou providencial, que é uma ou muitas coisas?
Na teologia negativa afirma-se que Deus só pode ser conhecido quando negamos que os termos vulgares possam ser-lhe aplicados; outra sugestão influente é a de que os termos vulgares só se lhe aplicam metaforicamente, não existindo qualquer esperança de eliminar essas metáforas. Mas mesmo que se chegue a uma descrição do Ser Supremo, continuamos com o problema de encontrar um motivo para se supor que exista algo correspondente a essa descrição.
A época medieval foi a mais fértil em pretensas demonstrações da existência de Deus, como as cinco vias de Santo Tomás de Aquino, ou o argumento ontológico de Santo Anselmo. Essas provas deixaram de ter ampla aceitação desde o século XVIII, embora ainda convençam muitas pessoas e alguns filósofos.
De uma maneira geral, até os filósofos religiosos (ou talvez estes em especial) têm sido cautelosos em relação às manifestações populares da religião. Kant, um simpatizante da fé religiosa, distinguiu várias perversões dessa fé: a teosofia (uso de concepções transcendentais que confundem a razão), a demonologia (favorecimento de concepções antropomórficas do Ser Supremo), a teurgia (ilusão fanática de que esse ser pode nos comunicar sentimentos ou de que podemos exercer influência sobre Ele) e a idolatria ou a delusão supersticiosa de que podemos nos tornar aceitáveis perante o Ser Supremo através de outros meios que não o de ter a lei moral no coração (Crítica da faculdade do juízo, II.28).
No entanto, essas tendências para o contato arrebatado têm se tornado cada vez mais importantes na teologia moderna. Desde Feuerbach há uma tendência crescente na filosofia da religião em se concentrar nas dimensões sociais e antropológicas da crença religiosa (ver também jogo de linguagem, magia), ou para a conceber como uma manifestação de várias necessidades psicológicas explicáveis.
Outra reação consiste numa fuga para o elogio do comprometimento existencial puramente subjetivo (ver também existencialismo, Kierkegaard). No entanto, o argumento ontológico continua a atrair a atenção, e as tendências antifundacionalistas (ver fundacionalismo) da epistemologia moderna não são inteiramente hostis às pretensões cognitivas que se baseiam na experiência religiosa.

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